
Formação da Comunidade
CONCÍLIO VATICANO II.pptx (948727)
Formação
Amar a Deus e ao próximo
O homem nascido do Espírito é livre para fazer o bem e se conformar ao desígnio de divino, crescendo na graça e evitando todo pecado que o afasta de Deus. O homem foi criado dotado de liberdade, para que, usando desse dom, pudesse orientar sua vida para Deus, fonte de todo bem. A liberdade torna o homem responsável pelos seus atos.
O Espírito Santo sustenta o homem interior a partir da acolhida e da disposição de abertura ao apelo do amor a Deus e ao próximo. A livre e gratuita iniciativa de Deus pede a livre resposta do homem, pois que foi criado à sua imagem e semelhança, com liberdade para conhecê-Lo e amá-Lo. O amor é testemunho para o mundo e convite a comunhão e a solidariedade. A comunhão vivida pelo cristão que permanece em Cristo pelo seu Espírito é reveladora da obra de Deus, que então é conhecido no mundo. (Jo 17,23)
Deus fala em nossa consciência, onde o Espírito está. Uma consciência reta julga nossos atos de acordo com o bem, segundo o mandamento do amor, inscrito em nosso coração. A consciência bem formada orienta a liberdade segundo o Espírito, para a verdade plena, gerando condições para ações livres, retas e justas.
A vocação humana, que consiste na herança da vida eterna pela transformação espiritual à imagem de Jesus, Filho Unigênito do Pai, possui também uma dimensão social. Cada um é chamado à comunhão com Deus e isso implica também em buscar a comunhão com a comunidade humana. Todos são chamados a amar a Deus e o próximo. A pessoa humana sendo ser de relação, e feita à imagem e semelhança de Deus, precisa de vida social. A sociedade é indispensável para a realização da vocação humana, pois que favorece o exercício das virtudes e o crescimento pessoal no convívio e relacionamento com o outro, que é fundamental. Nessa convivência, quando as estruturas sociais são injustas e pecaminosas, o cristão é chamado a testemunhar os valores do Evangelho na busca de soluções.
Quando no defrontamos com estas estruturas injustas e pecaminosas é preciso apelar para as capacidades morais e espirituais e para as exigências de conversão interior, buscando, com isso, obter as transformações sociais a serviço do homem. Por isso mesmo o caminho da caridade, do amor a Deus e ao próximo, é o melhor que se pode oferecer na prática voltada para o próprio homem.
A dignidade humana, derivada de sua filiação divina, implica na busca do bem comum, a promoção da justiça, da solidariedade e a busca de melhores condições de vida. O respeito pelos direito fundamentais da pessoa decorre da dignidade intrínseca de cada ser humano e supõe a igualdade entre os homens. Deus nos fez necessitados uns dos outros e por isso temos a possibilidade de buscar a nossa realização na caridade mútua.
Neste sentido, somos chamados a reduzir as injustas desigualdades sociais e econômicas com a prática da partilha e do serviço fraterno, realizando assim a solidariedade cristã. A novidade da vida no Espírito implica radicalmente a dimensão social da vida.
O cristão que renasceu para a vida no Espírito não pode se acovardar diante da iniquidade e do pecado. É chamado, a partir de sua própria vida, a transformar a sociedade, testemunhando o amor de Deus que traz a vida plena ao mundo. A igualdade dos filhos de Deus deve ser promovida pela comunidade cristã como um compromisso de fé. O desígnio de Deus, de vida e amor, é oferecido como dom a toda humanidade, “para que tenham vida e a tenham em abundância”. (Jo 10,10)
Comunidade cristã: testemunho profético
A comunidade cristã, que se concretiza na história, por seu testemunho pelo Espírito deve poder mostrar aquilo que o mundo poderia ser se acolhesse Jesus como o Senhor e Salvador. Esta é a resposta a esse “mundo”. Resposta no sentido de que a raiz última dos males deste mundo é o ódio, a inveja, o egoísmo pessoal e coletivo, a falta de amor sob todas as suas formas; em resumo, aquilo que o cristianismo chama de pecado.
Somente Jesus pode revolucionar em profundidade o coração humano e, por conseguinte, as estruturas. Só o acolhimento de Jesus como caminho, verdade e vida, penetra radicalmente no coração dos problemas e somente sua Igreja possui o poder de renovar não só a ela própria, mas também o mundo. Isso talvez soe estranho aos ouvidos de cristãos de fé fraca e de esperança vacilante.
"Este mundo novo e esta terra nova" pode ser oferecida ao mundo através de comunidades cristãs em escala humana. Vendo os cristãos viverem, o mundo deveria receber um choque e perguntar-se: qual é o segredo deste amor mútuo, desta serenidade, deste esquecimento de si?
Então o nome de Jesus Cristo assumiria uma importância inesperada, porque a própria vida seria luz e transparência. É o sinal da credibilidade dado pelo próprio Jesus; é o argumento eficaz por excelência. A experiência da comunidade cristã, que resulta da experiência do Espírito, tem valor profético para o mundo.
O testemunho da comunidade no Império Romano corroeu suas bases, questionou os que matavam e torturavam, propões um novo dinamismo. E nossas comunidades têm sido “profecia”? Sabemos ser esse um sinal claro do derramamento do Espírito.
O "pequeno rebanho” do Evangelho (Lc 12,32) é o próprio símbolo de uma minoria cristã, esta minoria “abraâmica” é que na realidade, transforma o mundo.
“A graça opera sempre através do pequeno número. A visão penetrante, a convicção ardente, a resolução indomável do Pequeno número, o sangue do mártir, a oração do santo, a ação heróica, a crise passageira, a energia concentrada de uma palavra ou de um olhar, eis os instrumentos do céu! Não temas, pequeno rebanho, pois é poderoso Aquele que está em teu meio”. – Cardeal Newman
Em cada época, a Igreja é convidada a não ser ela mesma sob pretexto de ser assim mais eficaz. É a tentação do recurso aos meios ricos para a conquista do mundo, quando o Evangelho proclama a força incomparável dos meios pobres.
“Fujamos da tentação de confundir a renovação da Igreja com a transformação da sociedade. São sempre mais numerosos aqueles que põem em questão uma sociedade fundada sobre o dinheiro, o prestígio e o poder e que se engajam num combate para edificar uma sociedade que respeite mais o homem, fundada na liberdade, justiça, solidariedade. Os membros da Igreja são convidados a esta tarefa em nome das exigências do amor e da esperança. Mas se esta ação para transformar as mentalidades, os comportamentos e as estruturas exprimem efetivamente os frutos do Espírito Santo, ela não tem origem nem sentido a não ser no Espírito Santo. A palavra libertação frequentemente usada é uma palavra ambígua, visto que se utiliza tanto em sentido de transformação política como no sentido de conversão evangélica". (Dom Matacrin, citado por Cardeal L. J. Suenens, em O Espírito Santo nossa esperança, Edições Paulinas, 1975)
fonte: www.javenissi.org.br
O que devo fazer para alcançar a vida eterna?
Mateus 19,16
O que é que devo fazer para que a minha vida tenha valor, para que ela tenha um sentido? Esta pergunta apaixonante foi expressa pela boca do jovem do evangelho assim: "Que devo fazer para alcançar a vida eterna?" Uma pessoa que faça a pergunta desta forma falará uma linguagem ainda compreensível para o homem de hoje? Não somos nós a geração para a qual o mundo e o progresso temporal enchem completamente o horizonte da existência? Nós pensamos antes de tudo com categorias terrestres. Se saímos dos limites do nosso planeta, fazemo-lo com a finalidade de empreender os voos interplanetários, para transmitir sinais a outros planetas e enviar em direção a eles sondas cósmicas.
Tudo isto se tornou o conteúdo da nossa civilização moderna. A ciência aliada à técnica descobriu, de maneira incomparável, as possibilidades do homem em relação à matéria; e conseguiu, por outro lado, dominar o mundo interior do seu pensamento, das suas capacidades, das suas tendências e das suas paixões.
Ao mesmo tempo, porém, é claro que, quando nos colocamos diante de Cristo, quando ele se torna o confidente das interrogações da nossa juventude, não podemos fazer a pergunta de maneira diversa do que a fez o jovem do evangelho: "Que devo fazer para alcançar a vida eterna?" Qualquer outra pergunta sobre o sentido e o valor da nossa vida, diante de Cristo, seria insuficiente e não essencial.
Com efeito, Cristo não é só o "Bom Mestre" que indica os caminhos da vida na terra. Ele é a testemunha daquele destino último que o homem tem em Deus. Ele é a testemunha da imortalidade do homem. O evangelho, que ele anunciava com a sua voz, foi selado definitivamente com a sua cruz e ressurreição no mistério pascal. "Cristo uma vez ressuscitado dos mortos já não morre; a morte não mais tem poder sobre ele". Pela ressurreição Cristo também se tornou o "sinal de contradição" permanente, perante todos os programas incapazes de guiar o homem para além da fronteira da morte. E mais ainda, estes programas com tal limitação, impedem ao homem toda e qualquer interrogação sobre o valor e o sentido da vida. Diante de todos estes programas, das concepções do mundo e das ideologias, Cristo repete constantemente "Eu sou a ressurreição e a vida".
Por isso, se desejamos falar com Cristo, aderindo à verdade do seu testemunho, deve, por um lado, "amar o mundo" — "Deus, de fato, amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito" — e, ao mesmo tempo, deve chegar ao desapego interior em relação a toda esta rica e apaixonante realidade, que é o "mundo". Deve decidir fazer a pergunta sobre a vida eterna. De fato "passa o cenário deste mundo" e cada um de nós está submetido a essa passagem. O homem, na dimensão do mundo visível, nasce com a perspectiva do dia de sua morte; ao mesmo tempo, o homem, cuja razão profunda de ser está no superar-se a si mesmo, comporta também em si tudo aquilo com que vence o mundo.
Tudo aquilo com que o homem vence em si mesmo o mundo — embora nele esteja radicado — explica-se pela imagem e semelhança de Deus, que está inscrita no ser humano desde o princípio. E tudo aquilo com o qual o homem vence o mundo não só justifica a pergunta sobre a vida eterna, mas até a torna verdadeiramente indispensável. Esta pergunta é a que os homens se fazem ao longo dos tempos, não só no âmbito do cristianismo, mas também fora dele. É preciso que também que tenha coragem, para fazê-la como o jovem do evangelho. O cristianismo ensina-nos a compreender a temporalidade na perspectiva do Reino de Deus, na perspectiva da vida eterna.
Ora, há uma oposição entre a juventude e a morte. A morte parece estar longe da juventude. É mesmo assim. Entretanto, uma vez que a juventude significa o projeto de toda a vida, projeto construído segundo os critérios do sentido e do valor, a pergunta sobre o fim, mesmo durante a juventude, é indispensável. Cristo diz: "Eu sou a ressurreição e a vida; aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais". -'' Pergunte, pois, a Cristo como o jovem do evangelho: "Que devo fazer para alcançar a vida eterna?".
Tácito Coutinho – Tatá